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STEAM, carreiras e oportunidades na periferia (parte 2 de 2)


Autoria de Eliane de Santana



Esses dias tinha um moleque na quebrada com uma arma de quase 400 páginas na mão. Uma minas cheirando prosa, uns acendendo poesia. Um cara sem Nike no pé indo para o trampo com o zóio vermelho de tanto ler no ônibus. Uns tiozinho e umas tiazinha no sarau enchendo a cara de poemas. Depois saíram vomitando versos na calçada. O tráfico de informação não para, uns estão saindo algemados aos diplomas depois de experimentarem umas pílulas de sabedoria. As famílias, coniventes, estão em êxtase. Essas vidas mansas estão esvaziando as cadeias e desempregando os Datenas. A Vida não é mesmo loka?

Qual melhor forma de começar um texto sobre Projeto de Vida do que lendo Sérgio Vaz? 


Buscar inspiração na poesia para construir um novo caminho, um novo futuro. Aliás, o futuro tem tudo a ver com nosso assunto de hoje: carreiras e oportunidades.

No nosso texto anterior, falamos sobre Projeto de Vida e STEAM. Ao longo dele, passamos por alguns conteúdos cuja ideia era nos levar a uma reflexão muito séria sobre quais caminhos oferecemos aos nossos jovens, em especial, às nossas meninas?

Ainda vivemos certos paradigmas sobre carreiras envoltas no pensamento “rosa e azul”: o que é para menino e o que é para menina? Em essencial, dentro do ambiente escolar, onde pouco ou quase nada se fala de carreira.

Quantas escolas hoje possuem um programa de Orientação Vocacional para orientar as diversas possibilidades de ação para adolescentes e jovens, considerando seus perfis criativos, seus sonhos e seus projetos de vida?

Como se olha para a periferia, se não com dúvida ou medo, muitas vezes? O crescimento dos crimes de racismo e discriminação generalizados não são respostas claras a esse movimento de incertezas? Querendo ou não, isso afeta nossa relação com o trabalho, mais ainda com a carreira.

Vimos no texto da nossa “Stemina” Safira Souza - Da praia pra favela: manutenção da arte nas favelas do Brasil, o potencial criativo e transformador da Arte para a sociedade, em especial, nas periferias. Todos sabemos que Cultura, Lazer e Entretenimento são formas de busca por ampliação da bagagem cultural das pessoas e, quando buscamos crescimento intelectual, muitos outros horizontes se abrem para nós. Se esse movimento faz parte da vida, por que não oferecer essas oportunidades para jovens da periferia?

Vamos pegar alguns exemplos práticos.

A Escola Estadual Reynaldo Massi, Mato Grosso do Sul, tem incentivado suas alunas e seus alunos a buscarem ampliar seus conhecimentos em disputas olímpicas como a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) e a Olimpíada Feminina de Química (QUIMENINAS). Nelas é possível desenvolver mais do que os conteúdos formais das disciplinas; também se desenvolvem habilidades afetivas e sociais desses alunos, o que, certamente, já é um excelente começo para se pensar no futuro como cidadão e profissional.

Segundo o portal G1, outros exemplos incríveis de escolas públicas que fazem a diferença estão, realmente, transformando vidas por meio da Ciência, no interior do estado de São Paulo, em parceria com a Fundação Roberto Marinho e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o investimento nesses adolescentes e jovens têm se mostrado, cada vez mais, promissor. E, não há diferenças aqui: todos - meninas e meninos - são geniais! O que falta, muitas vezes, é vontade política para depositar neles a chance de mudarem de vida.

Oportunidades não são aleatórias; elas são criadas. Porém, nem sempre aqueles que possuem o potencial de alcançá-las são orientados a isso, justamente, porque existe toda uma estrutura que dificulta esse acesso, e é aqui que entra a vontade social de permitir que a Educação, a Cultura e a Cidadania sejam efetivas para todos que buscam mudar de vida, seja terminando os estudos, seja indo para uma faculdade, seja abrindo seu negócio, seja como for; mas, que seja com uma intencionalidade clara de que não devem haver privilégios, especialmente, na Educação, porque educar para o mundo pressupõe não só direito, como também dever do Estado de educar e proporcionar ocasiões para todos.

Por isso, o texto de Sérgio Vaz é emblemático para toda e qualquer pessoa que acredita no poder da Educação. E eu, acredito, ainda mais, com o poder de ferramentas e metodologias ativas que incentivem alunos e professores a romper barreiras. Então, esses alunos poderão, a partir daí, pensar numa carreira que os encante, sabendo que não há limites para a criatividade e para o pensar humano empático e justo.


Fontes:



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