Escrito por Safira Souza
O seguinte texto aborda a falta de manutenção das políticas públicas que alimentem a cultura nas favelas do Brasil de modo que proporcione uma discussão acerca da eficácia dessas políticas. Além disso, faz menção ao trabalho dos artistas independentes no Brasil contemporâneo.
Quando posta em análise, pode-se observar uma série de defeitos na atuação das políticas públicas culturais em exercer, de fato, com o seu objetivo. Essa questão começa quando observamos a falta de visibilidade das diferentes maneiras de artes presentes nas favelas do país.
As políticas públicas culturais são meios que congregam públicos e constituem a noção de Cultura nas relações interpessoais. Sob essa perspectiva, meios de viabilizar a arte para todo tipo de pessoa, inclusive aqueles que vivem à margem da sociedade. Segundo o IBGE, representativos em 2011, casos como o de São Paulo e Bahia, reduziram consideravelmente tais despesas em 2018, ou seja, a tendência comportamental dessa ferramenta é cair, enquanto as taxas de cortes aumentam.
Levando em conta os dados supracitados, conclui-se a falta de políticas públicas culturais que contribuem para a estruturação e alcance da arte em nossa sociedade, deixando, também, de lado o trabalho individual e a necessidade de renda de artistas.
Segundo as questões supracitadas é inegável o fenômeno de invisibilidade na construção de itens compostos por suas origens entrelaçados a eventos históricos. Por isso, é de extrema importância destacar a necessidade de uma intervenção governamental acerca da temática.
O conceito de invisibilidade se dá pela relação do não visível ou negligenciado. Segundo isso, é possível observar a ligação da etimologia desta palavra com a circunstância que permeia nossa sociedade. Essa relação se estabelece através da degradação do patrimônio cultural e o apagamento das formas de arte presente nas favelas do Brasil.
No que se refere a arte e cultura, é fácil perceber instrumentos de conhecimento e resistência. Entretanto, também repara-se a desigualdade e o não alcance do que evidencia, ou reforça, sua importância.
No Brasil, poucas pessoas conseguem ter acesso à arte e cultura. Isso se estrutura segundo pesquisa do IBGE, que afirma que 93% dos brasileiros nunca foram a uma exposição de arte e 95% jamais entraram em um museu. Então, se a arte é entendida como popular, por que são poucas as pessoas que conseguem acessá-la?
Essa questão se desenvolve ao que permeia o conceito de racismo.
De acordo com o Ministério Público do Paraná, o racismo está ligado à ideia de que há diferenças externas e corporais entre os seres humanos, que manifestariam superioridade ou inferioridade em relação a outros. Nesse contexto, se compreende o racismo como dominação e preconceito por itens e características relacionadas por um povo segundo suas características físicas e culturais.
Segundo Costa e Gonçalves, a humilhação social é caracterizada pela angústia, pela desigualdade e pela exclusão inter subjetiva. É um fenômeno que coloca indivíduos em um papel subalterno, inferior, fazendo-os acreditarem não ter poder pela própria vida e serem limitados a qualquer outro aspecto que não seja aquele imposto.
Em considerações finais, podemos concluir que é preciso uma ação governamental que possibilite o acesso à arte como um todo e reafirme as formas de artes produzidas no núcleo das favelas.
Referências bibliográficas
ALMEIDA, Lara Aparecida Machado de; DELFIN, Lucas; IMBRIZI, Jaquelina Maria. A rua como palco: arte e (in)visibilidade social. Scielo, Santos, 2017.
COSTA, F. B. (2004). Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social. São Paulo: Globo.
CULTURA E ARTE COMO MEIOS DE INCLUSÃO SOCIAL. Cultura / Por Redação iCult. Av. Paulista, 302, São Paulo – SP
MELO, Marcus André. "Estado, Governo e Políticas Públicas". In: MICELI, S. (org.). O que Ler na Ciência Social Brasileira (1970-1995): Ciência Política São Paulo/Brasília: Sumaré/Capes. 1999.
Sistema de informações e indicadores culturais: 2007-2018/IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro, IBGE, 2019)
É triste ver como a arte nas favelas é invisibilizada.