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O que eu queria que tivessem me contado sobre processos seletivos na área de tecnologia

Atualizado: 31 de ago. de 2023



Autoria de Mariana Pires


O objetivo inicial do meu texto é dividir as minhas experiências como pessoa empregada (mas principalmente, inúmeras vezes candidata em processos seletivos) na área de tecnologia com a esperança de que eu consiga ensinar algo que você consiga incorporar em seu processo em busca da almejada vaga. Além das minhas experiências, trarei algumas das informações que aprendi em alguns dos eventos que já tive a oportunidade de ministrar ou organizar no passado, como as oficinas sobre LinkedIn e outros eventos sobre empregabilidade que contaram com a participação de recrutadores.

A extrema maioria dos estudantes, ao optar por trilhar a carreira de tecnologia, vai se deparar com muitos "nãos" em sua jornada (não importa a linguagem de enfoque – inclusive, não existe linguagem melhor que outra, mas isso é outro post pra outro dia –-, a stack escolhida ou o nível de inglês). Afinal, por mais que o consenso entre alguns seja de que a área de tecnologia está crescendo e que tem sim espaço no mercado para todo mundo, a realidade é um pouco mais complicada: enquanto há algum espaço para iniciantes, a extrema maioria de vagas é para quem já tem ao menos metade de uma década na área, já tem uma experiência sólida com programação e outras exigências que resultam em processos para juniores hiper acirrados - muitas vezes num ratio de 1 vaga para 3 mil candidatos inscritos.

Nesse cenário, há algumas coisas que você pode trazer para se destacar e o processo em si, apesar de não ser extremamente complicado ou impossível, não é fácil. Há algumas coisas importantes para se ter em mente, então aqui vão algumas dicas do que fazer em cada uma das etapas desse processo:

  1. Antes de se inscrever: crie dois modelos de currículos, sendo um mais simples em texto corrido e sem nada especial com o objetivo de submeter em sites (ele provavelmente será tratado por IAs com o objetivo de filtrar candidatos tenham perfis mais adequados à vaga) e o segundo, para enviar diretamente para e-mails, bem organizado e melhor estruturado (esse pode ser feito através de, por exemplo, modelos de currículo do Canva). Caso a sua procura ocorra via LinkedIn, é importante também manter o seu perfil atualizado e bem preenchido com a sua formação, suas experiências e seus interesses. Se você não tiver experiência prévia, é interessante se envolver em algum grupo de voluntariado - existem vários grupos voluntários na área de tecnologia, principalmente para ensinar lógica de programação e compartilhar conhecimentos.

Dentre as informações básicas que devem ser incluídas no seu currículo: sua formação (não só o ensino superior, mas cursos/bootcamps também, caso relevantes para a vaga), suas experiências formais ou não, GitHub, seus idiomas com os respectivos níveis e as linguagens às quais você sente confiança para lidar ou já lidou antes através de um projeto. Não esqueça de incluir um meio de te contatar, como e-mail e número de celular.

  1. Ao se inscrever: cheque as palavras-chave na descrição da vaga e crie um currículo se adequando às palavras que aparecem. É importante não mentir, pois isso acabará gerando a expectativa negativa por parte da empresa de que você tem um nível de conhecimento de alguma tecnologia que você não conseguirá suprir.

  2. Se preparando para a(s) entrevista(s): a primeira coisa aqui é pesquisar sobre a empresa, a vaga e anotar as dúvidas que surgirem nesse processo para direcioná-las ao entrevistador. Além disso, é importante criar uma apresentação pessoal concisa, que demonstre seus pontos fortes como pessoa e profissional e que responda porque você deve ser contratada.

Durante as entrevistas é separado um momento específico para tirar dúvidas e esse momento é a oportunidade ideal para demonstrar seu interesse na empresa e na vaga.

Não é uma regra, mas a primeira entrevista normalmente é com um recrutador, geralmente para confirmar seus dados e retirar dúvidas mais voltadas ao modelo da vaga (PJ ou CLT? Remoto? Híbrido? Presencial?), além de negociar salário, entender se há benefícios e entender também sobre as etapas do processo seletivo em si.

A segunda entrevista tende a ser com o gestor e é onde você terá oportunidade de tirar dúvidas mais técnicas, como acerca de seu papel no time e as linguagens que serão utilizadas caso isso não tenha sido explicado ainda.

A melhor dica que eu posso te dar é refletir sobre o seu objetivo. Por exemplo, ao ir em entrevistas, eu tenho noção de que eu não quero meramente ser contratada por ser contratada. O meu objetivo é integrar um time e ajudar a empresa a resolver seus desafios. Para isso, eu preciso entender suas dores e como a minha performance poderia ajudar a sanar algum problema.

  1. Entrevistas técnicas: pesadelo de muitos, onde você irá mostrar as suas habilidades de programação na prática através da resolução de um case, seja através da elaboração de um código após a leitura de um enunciado ou até mesmo um quiz de perguntas e respostas.

Eu sei que programar na frente de alguém pode dar medo, ansiedade, mas é importante tentar se acalmar e, é claro, levar em conta que tá tudo bem não saber algum conceito e que nenhuma empresa com cultura saudável irá exigir que você entenda tudo, principalmente caso seja um cargo inicial.

Tá tudo bem responder que não sabe fazer algo caso não saiba e você pode pensar numa alternativa de resolução diferente da proposta, fazer uma modificação no enunciado da pergunta, adaptada para algo que você saiba.

Embora sim, a sua habilidade técnica será avaliada, aqui o mais importante é a sua comunicação. Você consegue explicar o seu código?

Há inúmeros sites para exercitar a sua capacidade de resolução desses problemas, sendo os mais famosos o HackerRank, Codewars e o Leet Code. A maior dica para ir bem aqui é praticar, já que não só a prática vai tornando os exercícios mais fáceis, mas muitas vezes as questões são tiradas desses sites.

  1. Dinâmicas em grupo: estas existem para que você possa demonstrar como você trabalha no coletivo. Dito isso, cuidado com a competitividade e cuidado ao “atropelar” a fala das pessoas.

Aqui, o importante é a colaboração em conjunto, além da oportunidade perfeita para que você demonstre habilidades como a organização, comunicação não-violenta e proatividade. Tente integrar todos na atividade!

O melhor conselho aqui é não ter timidez. Se você ficar nervoso, tá tudo bem, provavelmente todos estão, mas o importante é, mesmo nervoso, aparecer um pouco. Um dos meus amigos que trabalha como RH costuma dizer que quem não é visto não é lembrado.

  1. Entrevistas em outro idioma: aqui não há bicho de sete cabeças. Se for para uma vaga nacional, as perguntas serão focadas em checar a sua compreensão no outro idioma e muitas vezes consistem apenas em perguntas pessoais com uma pergunta com termos técnicos no máximo.

No caso de uma vaga internacional, é importante não necessariamente ter o domínio da linguagem (dependendo dos requisitos da vaga), mas sim demonstrar que você consegue entender o que está sendo dito e se fazer ser entendido.

A minha recomendação é assistir vídeos mais técnicos sobre as tecnologias requeridas pelo cargo no Youtube para se familiarizar com termos que poderão aparecer.

  1. Passei, e agora? Dependendo do modelo da vaga, você terá que abrir um ME (para trabalhos de programação no caso de vagas para PJ, pois abrir MEI para vagas assim não é o indicado legalmente) ou fazer o exame admissional (CLT), além de enviar a documentação requerida, abrir uma conta no banco ideal para a empresa e assinar o contrato (CLT e PJ). Tende a ser um processo rápido.

  2. Não passei, e agora? Eu já estive muitas vezes aí e sei que não é fácil, mas o que me ajudou foi focar na ideia de estar evoluindo um pouco mais a cada experiência com entrevistas em um processo seletivo.

Por mais que desistir possa parecer mais atraente que a possibilidade de ser rejeitada, não encare isso como uma alternativa! Você só precisa que uma empresa acredite em você para que dê certo. Continue tentando!

  1. (Extra) Não tenha medo do networking: não quero dizer que você conseguirá vagas exclusivamente caso seja indicado, mas caso seja indicado, inevitavelmente poderá conseguir mais entrevistas;

Entretanto, indo além de conhecer alguém unicamente para ser indicado, é legal conhecer alguém da área que possa compartilhar informações com você sobre as suas experiências. Conhecimento é um bem muito valioso e encontrar alguém disposto a te passar um pouco é de valor inestimável.

Espero ter ajudado ao compartilhar um pouco das minhas percepções e experiências do processo de busca de emprego. O meu próximo post será focado em LinkedIn e como preencher o seu perfil da melhor forma.


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