Autoria de Emilly Pimentel
O relatório “Uma equação desequilibrada: participação crescente de Mulheres na ALC (América Latina e Caribe)”, realizado pela UNESCO em 2021, estima que, para cada quatro homens, uma mulher ingressa em algum emprego na área de STEM. Embora contemple os empregos considerados “avançados”, “do futuro”, ainda é possível ver na área as grandes falhas no que diz respeito a um campo igualitário para todos. Muitos dos problemas podem ser alimentados por estereótipos há muito tempo consolidados, mas que ainda precisam ser debatidos e desconstruídos a fim de abrir espaço para a representação feminina na STEM.
Muitas vezes, ao se destacar como uma “Mulher STEM”, a profissional se vê cercada por comentários pejorativos, definindo-a como alguém isolada ou socialmente desajeitada. Por ser da área STEM, é comum o ser caracterizada como sinônimo de CDF/Geek/Nerd e majoritariamente introvertidas. O erro está no fato de que as mulheres são reduzidas a bolhas nas quais ter hobbies, serem extrovertidas, comunicativas e sociáveis é considerado incomum. Assim como todas as pessoas, a variedade quando se fala em interesses e habilidades é extensa, cada um com suas particularidades.
“As mulheres não têm tanta ambição”, é outro rótulo atribuído a uma mulher STEM. Esse estereótipo sugere que os homens são mais ambiciosos, aspiram mais destaque, trazendo a ideia de superioridade. Na realidade, ser do gênero feminino em um ambiente científico mostra o quanto a motivação, disciplina e ambição das mulheres traz cada vez mais sucesso à elas. Não deixando de considerar que, muitas vezes, precisam enfrentar obstáculos adicionais por causa de seu gênero para alcançarem êxito.
Outra forte “característica” atribuída às mulheres na área diz respeito ao fato de que elas são menos dedicadas à família. Esse mito pressupõe que mulheres são menos propensas a querer ter um equilíbrio entre vida pessoal e profissional, ou mesmo ter uma família. Muitos desses pensamentos podem ser atribuídos a dificuldade que as mulheres encontram na área, tendo que atribuir maior esforço e tempo para alcançar desenvolvimento. No entanto, as responsabilidades familiares e de carreira podem ser equilibradas, desde que seja a vontade dela, sendo plenamente capaz de realizar grandes feitos como mulher e cientista.
Além de tudo, ao estar nas áreas STEM, é comum se sentir menosprezada e ser considerada menos habilidosa, pois “os homens são mais desenvolvidos cognitivamente e capacitados”. O preconceito generalizado muitas vezes faz com que mulheres com grande potencial se sintam inferiores devido a síndrome da impostora causada pelo ambiente machista.. A falha, no entanto, pode ser encontrada em uma sociedade na qual não há o incentivo necessário e a quebra do estigma STEM. Apenas assim, meninas podem se sentir capazes de ir atrás de desenvolvimento intelectual e profissional, cada vez mais voltado para a área. Meninas, moças, mulheres possuem capacidade igual de se destacar em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, assim como homens.
Desde muito cedo, mulheres são desencorajadas a se interessar pelas áreas STEM, gerando uma subrepresentação no campo. Ser mulher vem acompanhado de vários mitos e estereótipos que, muitas vezes, colocam o gênero em uma caixinha de metal, não deixando brecha para possibilidades de crescimento. O mundo precisa de STEM, e a STEM precisa de mulheres. Isso poderá ser desenvolvido se, cada vez mais, houver abertura para debates sobre mitos que permeiam o ser mulher, reformulando ideias preconcebidas e errôneas. Nas palavras da mulher responsável por escrever o primeiro algoritmo de computador da história, Ada Lovelace, “Meu cérebro é mais do que algo meramente mortal, e o tempo mostrará isso.”.
Relatório sobre participação de mulheres em STEM na América Latina. Disponível em: <https://www.britishcouncil.org.br/mulheres-na-ciencia/relatorio-unesco-america-latina>. Acesso em: 10 out. 2023.
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