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Conheça a história e trabalho de 3 químicas brasileiras





Autoria de Mariana Pires


Apesar das mulheres serem a maioria de pesquisadoras registradas pela CAPES em 2022, representam apenas 7% da mais alta instância entre acadêmicos (MADUREIRA, 2022). Quando estendemos os dados para o mundo, mulheres representam apenas 28% dos pesquisadores. E por estes dados, é compreensível que apenas 17 delas ganharam o Prêmio Nobel em física, química ou medicina desde a primeira a ser premiada, Marie Curie.


Entretanto, como forma de ilustrar que o lugar de mulher pode ser na ciência, cito abaixo a história de 3 cientistas:


1- Viviane dos Santos Barbosa


Nascida na capital da Bahia, Viviane, desde criança, tinha a mania de criar seus próprios experimentos científicos, misturando tipos de folha e derramando óleo em sabão em pó. A Viviane criança, portadora de uma curiosidade incessante, diretamente da Liberdade, bairro periférico de Salvador, mal imaginava que em 2010 se tornaria mundialmente conhecida.


A química foi uma carreira que já cogitava desde seus tempos como aluna em colégio público e foi a sua primeira opção na Universidade Federal da Bahia, onde passou apenas 2 anos, devido a uma mudança para Holanda após seu casamento. E foi na Holanda, que o seu estudo sobre catalisadores (substâncias que aceleram e melhoram o rendimento de reações) a partir da mistura dos metais palladium e platina, foi premiada na Conferência Internacional da Finlândia, superando outros 800 trabalhos (UFBA EM PAUTA, 2010).


Como conselho, Viviane ressalta que hoje em dia é muito mais fácil adquirir conhecimento, mesmo no caso onde não haja recursos para estudar numa boa instituição de ensino. Ela aconselha a qualquer um que deseje se especializar em algo, que use a internet como ferramenta. Ela enfatiza a importância de pesquisar diferentes fontes e entrar em contato com pessoas ativas na área desejada em fóruns de discussão (ASCOM, 2010).



2- Ohara Augusto


Ohara, nascida na capital de São Paulo, revela que o seu interesse pela Química despertou aos 13 ou 14 anos durante uma aula de Ciências, após a professora apresentar o conceito de elétron. Aquele “ente abstrato” estimulou a sua imaginação e se tornou seu objeto de fascínio até a vida adulta, onde teve a oportunidade de se qualificar em Química na USP (ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS, 2002).


Apesar de não ter focado em pesquisa durante a graduação, acreditava que a sua vocação real estava no meio acadêmico e escolheu se dedicar à pós-graduação. Isso lhe rendeu uma carreira científica com experiências internacionais em laboratórios de excelência, além da docência titular na própria USP e da criação - em conjunto com a Professora Shirley Schreier - do laboratório de ressonância paramagnética eletrônica (EPR) no IQ/USP, que vem sido utilizado por diversos pesquisadores de toda América do Sul.


Como cita o site da Academia Brasileira de Ciências, onde Ohara é membra desde 2011, seus trabalhos recentes contribuíram para colocar em foco oxidantes que eram praticamente ignorados até a década de 90, como o peroxinitrito, o dióxido de nitrogênio e o ânion radical carbonato. Compreender a bioquímica dessas espécies é essencial para avançar na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças crônicas associadas a uma superprodução de óxido nítrico.


Acerca de ser uma pesquisadora brasileira, informou à Revista Galileu (2022) após ganhar o prêmio de Mulheres Brasileiras na Química e Ciências Relacionadas na categoria de Líder Acadêmica pelo estudo de radicais livres e oxidantes e seus impactos no corpo humano, "tenho colegas que estão em petição de miséria, porque estão fazendo ciência com um mínimo de recursos. Chegamos a um ponto no Brasil em que estamos com cientistas e pesquisas de qualidade, mas o apoio está muito escasso. Fazer ciência é caro, mas é um investimento” (2022).


Com o seu notável percurso acadêmico e científico, Ohara é um exemplo inspirador de perseverança e dedicação à ciência. Sua paixão pela Química a levou a desbravar fronteiras científicas e se destacar como cientista apesar dos desafios enfrentados. Ela defende a importância de investir em ciência e em cientistas de qualidade, enfatizando a importância de construirmos um legado significativo para futuras gerações.



3- Anna M. Canavarro Benite


De Taquara, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, surge Anna. Uma menina que, segundo a mesma (GÊNERO E EDUCAÇÃO, 2020), estava inserida em um cenário de dificuldades, sem água encanada ou esgoto, onde ela se viu com duas possibilidades: a escola ou continuar numa vida de privações. E foi aí que acabou na licenciatura de Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma área em que, apesar de não ter predileção inicial, Anna notou que tinha um potencial transformador - e então começou a sua luta para a criação de uma ciência inclusiva para mulheres negras.


Química e professora da Universidade Federal de Goiás, Anna acumula experiências diversas dentro e também fora da sala de aula. Ela é fundadora do Coletivo Negro(a) CIATA do Laboratório de Pesquisas em Educação Química e Inclusão (LPEQI) da UFG e anteriormente foi eleita como presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros (ABPN), uma associação civil, sem fins lucrativos, filantrópica, assistencial, cultural, científica e independente cujo objetivo é a promoção do ensino, pesquisa e extensão acadêmico-científica sobre assuntos de interesse das populações negras do Brasil.


Envolvida em projetos que lutam para uma ciência antirracista, ela enfatiza a necessidade de uma ciência mais diversa, com referenciais teóricos mais diversos e abrangentes. Isso é defendido através de revisões curriculares e de ações de coletivos que visem disseminar ciência a quem não está acostumado a ouvir sobre ela; como é o caso do projeto Investiga Menina, um grupo de mulheres negras que vai em escolas periféricas para o ensino de matérias de STEM, além de acompanhamento pedagógico (MELO, 2020).



Referências


MADUREIRA, Daniele. Mulheres são Maioria de Cientistas no Brasil, mas Quase Nunca Chegam ao Topo. Jornal Folha, [S. l.], 31 dez. 2022. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2022/12/mulheres-sao-maioria-das-cientistas-no-brasil-mas-quase-nunca-chegam-ao-topo.shtml. Acesso em: 10 jun. 2023.

PAUTA, UFBA em. Ex-estudante do Pibic-UFBA recebe prêmio internacional na área de nanotecnologia. Universidade Federal da Bahia, [S. l.], 22 nov. 2010. Disponível em: https://www.ufba.br/ufba_em_pauta/ex-estudante-do-pibic-ufba-recebe-prêmio-internacional-na-área-de-nanotecnologia/. Acesso em: 09 jun. 2023.

ASCOM/FABESP. Baiana com especialização na área de nanotecnologia recebe prêmio na Finlândia. Governo do Estado da Bahia , [S. l.], 23 nov. 2010. Disponível em: https://www.fapesb.ba.gov.br/baiana-com-especializacao-na-area-de-nanotecnologia-recebe-premio-na-finlandia/. Acesso em: 09 jun. 2023.

CIÊNCIAS, Academia Brasileira de. OHARA AUGUSTO, [s. l.], 3 jun. 2002. Disponível em: http://www.abc.org.br/membro/ohara-augusto/. Acesso em: 10 jun. 2023.

MORAES, Laura. Prêmio reconhece o trabalho de mulheres brasileiras na Química. Revista Galileu, [s. I.], 2 jun. 2022. Disponível em: https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2022/06/premio-reconhece-o-trabalho-de-mulheres-brasileiras-na-quimica.html. Acesso em: 10 de jun. 2023.

MELO, Raquel. Por uma ciência antirracista: bate-bola com Anna Benite. Gênero e Educação, [s. I.], 27 nov. 2020. Disponível em: https://generoeeducacao.org.br/por-uma-ciencia-antirracista-bate-bola-com-anna-benite/. Acesso em: 10 de jun. 2023.


GOIÁS, Universidade Federal de. Professora Anna M. Canavarro Benite do Instituto de Química da UFG é eleita a Presidente da ABPN. Laboratório de Práticas em Educação Química e Inclusão, Instituto de Química. Disponível em: https://lpeqi.quimica.ufg.br/n/94191-professora-anna-m-canavarro-benite-do-instituto-de-quimica-da-ufg-e-eleita-a-presidente-da-abpn. Acesso em: 10 de jun de 2023.


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