
Autoria Maria Gabriela
Não há como negar: a tecnologia está redefinindo o futuro da advocacia. A inteligência artificial (IA) tem se mostrado cada vez mais uma aliada indispensável em diversos setores. No texto de hoje, vamos focar especialmente no ramo jurídico.
Quando pensamos em operadores do Direito — juízes, advogados, promotores — estamos lidando com profissionais essencialmente das ciências humanas. Para muitos, o direito foi justamente uma escolha pela afinidade com áreas que valorizam interpretação, argumentação e análise crítica, em vez do foco em conceitos técnicos característicos das ciências exatas.
Por isso, a chegada de termos e práticas típicas das áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) — como "prompts", "engenharia de software" e "big data" — soa quase como árabe para nós. A introdução dessa linguagem técnica pode intimidar profissionais do Direito, sobretudo os mais experientes, habituados a métodos clássicos e menos digitais de atuação. No ambiente jurídico, o receio em torno da tecnologia se intensifica, transformando esses novos conceitos em um verdadeiro tabu.
Mas é aí que reside a oportunidade: em vez de representar uma ameaça, o avanço das ferramentas de inteligência artificial e dos softwares jurídicos especializados pode ser uma poderosa aliada. Essa integração entre o conhecimento humanístico e a precisão tecnológica abre portas para uma advocacia mais ágil, precisa e preparada para os desafios de um mundo cada vez mais digital. Afinal, o futuro do Direito pode muito bem ser construído pela combinação entre o pensamento crítico e a inovação, não é?
O maior perigo das IAs atualmente é, sem dúvida, a terceirização do trabalho. Mas o que isso significa na prática? Em termos simples, terceirizar é delegar a alguém — neste caso, uma máquina — uma função que deveria ser realizada por um profissional. Esse conceito, embora eficiente em algumas áreas, levanta sérios problemas no Direito e em muitos outros campos. Imagine, por exemplo, que você está passando por um divórcio e seu advogado utiliza apenas uma IA para lidar com todo o processo. A ideia de uma máquina conduzindo um assunto tão pessoal pode soar desconfortável, certo?
Aqui, o problema não é o uso da IA em si, mas sim seu uso incorreto ou antiético. No campo jurídico, onde sensibilidade e discernimento humano são essenciais, uma dependência excessiva de IA pode comprometer a qualidade do atendimento e, em casos mais extremos, a própria ética profissional. É por isso que muito se discute sobre a importância de utilizar prompts eficazes
Mas o que é um prompt, afinal? Simplificando, prompt é o termo usado para descrever a instrução ou comando que damos a uma IA para direcionar suas respostas. Quanto mais claro e específico for o prompt, melhores e mais precisas serão as respostas fornecidas pela inteligência artificial. No contexto jurídico, saber formular prompts permite que o profissional extraia o máximo da tecnologia, complementando seu trabalho sem abrir mão da ética e da qualidade no atendimento.
Com tudo isso, quero dizer que fica claro que a integração, mesmo que de maneira básica, desses profissionais à tecnologia é não apenas necessária, mas fundamental. Ao abraçar a inovação e aprender a utilizá-la de forma ética e eficiente, os operadores do Direito podem melhorar sua prática, otimizar processos e oferecer um atendimento mais humano e eficaz aos seus clientes, garantindo que a tecnologia se torne uma aliada e não uma substituta. Desse modo, caminhamos junto com a tecnologia, e não contra ou atrás dela.
Referências:
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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV). Inteligência artificial e o choque na advocacia. 2024. Disponível em: <https://portal.fgv.br/artigos/inteligencia-artificial-e-choque-advocacia>. Acesso em: 14 fev. 2025.
JUSBRASIL. Inteligência artificial e a transformação do mercado jurídico. 2024. Disponível em: <https://www.jusbrasil.com.br/artigos/inteligencia-artificial-e-a-transformacao-do-mercado-juridico/2719778488>. Acesso em: 14 fev. 2025.
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JURISHAND. O impacto da IA no mercado de trabalho jurídico. 2024. Disponível em: <https://blog.jurishand.com/o-impacto-da-ai-no-mercado-de-trabalho-juridico/>. Acesso em: 14 fev. 2025.
ARBTRATO. Inteligência artificial no direito: como se destacar no mercado. 2024. Disponível em: <https://arbtrato.com.br/blog/arbitragem/inteligencia-artificial-no-direito-como-se-destacar-no-mercado/>. Acesso em: 14 fev. 2025.
TURIVIUS. Inteligência artificial no mercado jurídico – André Ribeiro. 2024. Disponível em: <https://turivius.com/portal/inteligencia-artificial-no-mercado-juridico-andre-ribeiro/>. Acesso em: 14 fev. 2025.
Texto maravilhoso! Nunca havia pensado na integração da IA no meio jurídico