Ilustração por Evelyn Correia
Se eu pudesse descrever a robótica em uma palavra, seria oportunidade, afinal trata-se do contato com a ciência e a tecnologia, além da aprendizagem de conceitos de Matemática, Física e Engenharia. Existem muitas modalidades de robótica, cada uma com sua especialidade e objetivo, porém o que todas têm em comum é incentivar cada vez mais os jovens a desenvolverem projetos e programarem robôs. Esses conhecimentos adquiridos não são somente para competição, pois nela desenvolvem habilidades para o resto da vida. A oportunidade que a robótica oferece vai além de robôs, se trata do futuro, do incentivo e do amor por STEM.
A robótica incentiva jovens a seguirem carreira na ciência por encorajar o protagonismo feminino na ciência. Em uma pesquisa com meninas que participam de torneios de robótica promovidos pela FIRST Lego League, um programa internacional estadunidense sem fins lucrativos que desafia os estudantes a buscarem soluções para problemas da sociedade moderna e desenvolverem competências científicas, concluiu-se que mais de 80% das entrevistadas foram encorajadas a seguirem carreiras na ciência graças ao contato com a robótica e todas elas acreditam que a robótica pode incentivar o protagonismo feminino na ciência. Segundo a mesma pesquisa, até mesmo as que não pretendem seguir carreira na ciência foram impactadas e viram esses projetos como uma força feminina.
Uma das entrevistadas relatou que participar de torneios a inseriu no mundo científico e despertou seu desejo de seguir astronomia, graças a temporada Into Orbit, que tratava sobre projetos espaciais. A robótica vem abrindo portas para ideias e incentivando o amor pela ciência, uma das meninas relatou: “Na minha equipe de robótica haviam 6 meninas e 1 menino, existia um enorme estímulo da prática de atividades científicas, fomos encorajadas e sempre apoiadas.”
Porém, temos que destacar que há diferentes realidades como a presenciada por outra entrevistada: “Fui a primeira menina da minha escola a passar na seletiva, assim como a única menina da equipe que passou para o nacional, o que me traz um certo orgulho e uma tristeza por não ter mais mulheres na equipe podendo ter a mesma experiência que eu. Espero, profundamente, que nas próximas gerações, hajam meninas tão apaixonadas e encorajadas quanto eu.”
Quando há incentivo, há mudanças e, felizmente, cada vez mais meninas sentem-se inspiradas a seguirem, sem medo, os sonhos científicos. Paulo Mol, o diretor de operações do SESI Nacional, a organização que promove os torneios de robótica no Brasil, disse em uma entrevista que o número de inscrições femininas nos torneios aumentaram significativamente nos últimos anos e a divulgação da robótica tem sido a principal responsável.
Dos mais de cinco mil estudantes participantes do torneio de robótica SESI FIRST LEGO League, 43% são meninas. Esse dado aponta que com o passar do tempo as mulheres foram ganhando espaço nas áreas científicas. Ver programadoras, meninas, desenvolverem projetos incríveis ao lado de meninos, sem preconceito e sim com respeito, consideração, valorização e, principalmente, representatividade é um dos maiores ganhos que poderíamos ter.
A jovem Ana Carolina Queiroz é um grande exemplo de inspiração, afinal, com 18 anos, ela participou do congresso Summit Girls na China, que reúne meninas ao redor do mundo para discutir sobre o empoderamento feminino e o engajamento econômico, e a estudante brasileira decidiu realizar um projeto de incentivo feminino no ramo da robótica. Outra iniciativa incrível é a página FIRST LEGO Girls. Em conversa com uma das fundadoras, Victória Vilela Nogaroto, ela disse: “O propósito da FIRST Lego Girls é empoderar a próxima geração de garotas na área da ciência e da tecnologia, queremos que mais garotas tenham a oportunidade de participar do mundo STEM, nós queremos ser ouvidas, queremos ser representadas e o mais importante, queremos ser transformadoras do hoje para tornar o amanhã um lugar melhor.”
São projetos como esses que inspiram a participação de mais meninas na robótica. Há um longo caminho até alcançar a igualdade de gênero, entretanto, com pequenas ações podemos quebrar o estereótipo de que apenas garotos podem estar nesse meio.
A robótica pode mudar vidas. Na mesma entrevista com a Victória, ela conta: “Foi na robótica que eu descobri meu amor pela área STEM, adorava como as peças se encaixavam, como se um mundo de possibilidades estivesse bem ali na minha frente e com tantos conceitos físicos e matemáticos não poderia ter escolhido outra graduação para fazer que não fosse engenharia mecatrônica.”
Com isso conclui-se que a robótica vem dando espaço ao protagonismo feminino e à representatividade, mas ainda temos uma longa trajetória pela frente. Por fim, vale enfatizar que as garotas na robótica não adquirem somente a preparação para o mercado de trabalho e o contato com a ciência. Além disso, nos torneios é possível fazer amizades, desenvolver maturidade, aprender, compartilhar e conquistar o nosso espaço: o espaço das mulheres, a nossa liberdade e igualdade na robótica, na ciência e na vida.
Por Bianca Gajardoni.
Bianca é uma menina de 15 anos que mora em Birigui, uma cidade localizada no interior do estado de São Paulo. Pretende estudar Relações Internacionais ou História, atualmente está cursando o primeiro ano do ensino médio, participa de uma equipe de robótica, é programadora e com isso pode aprender diversos conceitos físicos e matemáticos, além de desenvolver projetos científicos e viu o STEM para as mina como uma oportunidade de escrever sobre a importância do incentivo ao protagonismo feminino na ciência.
Bibliografia:
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GAJARDONI, Bianca. A robótica pode incentivar meninas a seguirem carreiras científicas? Disponível em: forms.office.com/Pages/DesignPage.aspx?origin=shell#FormId=SxwFsZQ7q0GUQec6cjQv3cZX6G3NwsNCo-ei7l8pgRlUMlRXTEs3TlU5RjlTVFdUWDJBOTI0ODY3Qy4u. Acesso em: 03/07/2020
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